domingo, 3 de janeiro de 2010

Deixem-me em paz


Por que as pessoas insistem em querer ensinar aos outro o que é certo? Por que querem que eu esconda de todos o meu verdadeiro eu? Nao me parece justo que eles julguem que as minhas vontades devem ser segredo. Não permito que me digam se estou certa ou errada. Será que o fato de eu lhes chamar de "amigos" faz com que sintam o direito de me censurar. No fundo, acho que só têm vergonha de mim ou até mesmo inveja por nao terem a mesma coragem. Se um dia me parecer certo, gritarei ao mundo quem eu sou, farei todos se chocarem com minhas vontade. Eu conto meus sentimentos para quem eu achar melhor e no momento que me agradar. EU QUERO ME LIBERTAR, DEIXE EU ME LIBERTAR! Construa sua propria personalidade e se esqueça de mim um pouco. Eu tenho força suficiente para assumir as responsabilidades do meus meus atos. Nao me julguem, apenas assumam as suas e me deixem em paz.

LISBON REVISITED (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?


Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul o mesmo da minha infância ,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

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